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Pesquisas mostram que traumas são passados de pais para filhos

"Nossos ancestrais vivem em nós, não apenas biologicamente, mas também psicologicamente". A afirmação foi feita por Carl Jung, em seu livro autobiográfico,"Memórias, Sonhos, Reflexões" (1961), no qual apresenta insights sobre a influência dos antepassados na psicologia individual.


O tema foi mais bem consolidado na abordagem filosófica que embasa a técnica das Constelações Familiares, desenvolvida pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger. De acordo com ele, a necessidade inconsciente de pertencer ao grupo familiar leva os membros a repetir padrões de comportamento em lealdades invisíveis aos seus antepassados, como doenças, falências, separações, abortos, relações tóxicas, vícios.


Já nas primeiras décadas do século XX, o austríaco Wilhelm Reich percebeu características físicas semelhantes entre pessoas com traumas parecidos. Discípulo de Freud, Reich é considerado o pai da bioenergética. Entre os anos de 1930 e 1940, o psicanalista apresentou à comunidade científica a teoria dos 5 traços de caráter.


Em síntese, existem 5 grandes dores emocionais que vivenciamos na relação com os pais e/ou adultos responsáveis desde a vida intrauterina até 5 ou 7 anos de idade. Essas experiências sentidas com grande intensidade são armazenadas no inconsciente, mas deixam seus registros no corpo físico. Portanto, a dor emocional molda o tipo físico, a mentalidade e a forma de agir no mundo.


A partir da década de 1990, com mais recursos e avanços tecnológicos, novos estudos surgiram e, entre eles, destaca-se o de Dohrenwend e Levav (1992), que examinou a transmissão de traumas relacionados a eventos históricos, como guerras e desastres, de pais para filhos, e as análises foram publicados no American Journal of Psychiatry.


Um ano depois dos ataques terroristas às torres do World Trade Center, em Nova York, a professora de psiquiatria e neurociência do Hospital Monte Sinai (NYC), Rachel Yehuda, sugeriu que o trauma pode afetar a expressão de genes transmitidos às gerações futuras, lançando a Teoria do Epigenoma, publicada no Journal of Traumatic Stress.


Yehuda tornou-se uma sumidade na pesquisa sobre o assunto. Ela comparou o nível de estresse em bebês nascidos pós-ataque ao WTC de mães sobreviventes ou testemunhas do evento com outras que não tiveram a mesma experiência. E encontrou diferenças significativas nos dois grupos, comprovando que embora não haja alteração da sequência genética, o trauma interfere na expressão do gene. Esses bebês tendiam a ter mais problemas de depressão, mais dificuldades a lidar com novos estímulos e tinham tamanho e peso menor que os do grupo de mães sem o trauma das Torres Gêmeas.


A neurocientista - e outros estudiosos - também observou que as feridas do Holocausto foram passadas por pelo menos 3 gerações. A descoberta é chamada de trauma intergeracional.


Na pesquisada de Rachel Yehuda, foi comparada a composição genética de um grupo de 32 homens e mulheres judeus que viveram em campos de concentração com a dos filhos, que nasceram depois da queda do regime nazista. Também foi comparada a composição genética de pais e filhos judeus que não viviam na Europa durante a perseguição nazista. O estudo mostrou marcadores de estresse comuns entre os judeus traumatizados e seus filhos, os quais não estavam presentes nos grupos que não tiveram a mesma vivência.


Em 2008, outro estudo, publicado no Development and Psychopathology, examinou a transmissão de memórias intergeracionais por meio da narração de histórias familiares.


Estudos mais recentes têm explorado a relação entre traumas específicos, como abuso infantil ou estresse pós-traumático, e as mudanças epigenéticas que podem ser transmitidas. Algumas dessas pesquisas já foram publicadas pelas revistas científicas Nature Neuroscience e Psychological Medicine.


A Ciência leva cada vez mais luz àquilo que se manifesta no campo das Constelações Familiares: que as dificuldades de hoje podem, sim, ter respostas através das dores vividas pelos antepassados.









 
 
 

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